Que os adolescentes estão bebendo mais é fato. No Brasil, pesquisas apontam que 26,8% dos jovens com idade entre 15 e 19 anos relataram consumo de álcool, o que é um fator de risco para acidentes, violências e doenças. De cada dez pessoas que começam a beber antes dos 15 anos, seis fazem isso em festas ou por influência dos amigos. Pesquisa feita pelo IBGE com dez mil estudantes de ambos os sexos entre 13 e 17 anos mostra que um a cada quatro entrevistados já sabia o que era ficar bêbado.
Esse índice pode até não parecer alto, mas qualquer quantidade ingerida nessa faixa etária pode comprometer as funções neurológicas do adolescente, além de antecipar o surgimento de doenças relacionadas ao consumo do álcool, como diabetes, cirrose e insuficiência cardíaca.
Segundo a pediatra do Hospital Universitário, Mônica Franco, os adolescentes que se expõem em doses excessivas de álcool podem ter sequelas neuroquímicas emocionais, déficit de memória, perda de rendimento escolar, retardo de desenvolvimento e habilidades, entre outros. “O uso de álcool na adolescência pode comprometer as funções neurológicas do paciente, principalmente os pacientes que já possuem algum transtorno psiquiátrico como, por exemplo, depressão e transtorno bipolar”, explica dra Mônica.
Danos do álcool para o organismo do adolescente são maiores do que para o adulto, porque, até os 21 anos, o cérebro ainda se encontra em processo de amadurecimento. Além de afetar o desenvolvimento do organismo e das funções cerebrais, a ingestão de álcool por adolescentes pode aumentar as chances de dependência da droga. Jovens que começam a beber mais cedo têm mais chances de se tornarem dependentes do álcool quando adultos.
O início precoce do consumo aumenta o risco de lesões corporais, o envolvimento em acidentes com veículos. Eleva também a vulnerabilidade a riscos, como gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis. Mulheres e meninas, como sempre, são as principais vítimas. De acordo com a Dra. Mônica, muitas doenças podem ser desencadeadas como desnutrição, hepatite alcoólica, cirrose, tumores, doenças emocionais como a depressão e demência alcoólica.
O ambiente familiar influencia muito, tanto negativamente quanto positivamente. Existe um risco genético para o alcoolismo, filhos de pais alcoólatras têm quatro vezes mais chance de desenvolver a dependência do que os demais. O exemplo dos pais é fundamental, lares nos quais a bebida alcoólica faz parte do dia a dia ou onde os filhos presenciem com frequência seus parentes embriagados geram jovens mais susceptíveis a repetirem estes comportamentos. “O envolvimento dos pais e responsáveis na vida dos jovens é essencial na prevenção e diminuição desses casos. Os pais devem ficar atentos ao comportamento de seu filho e servir de exemplo. Devem conhecer as atividades e ciclo de amizade dos filhos, manter uma boa conversa, impor regras e explicar as consequências do álcool e estabelecer relação afetuosa e de confiança”, reforça a doutora.
Portanto a prevenção do uso do álcool na adolescência deve começar dentro de casa, desde a primeira infância. Atitudes como o estímulo aos esportes e às atividades sociais são benéficas, assim como o reforço positivo, que gera autoestima elevada e a vontade de ser alguém na vida.
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