Especialista do HU alerta sobre os riscos da obesidade em crianças
Mais de 340 milhões de adolescentes e 39 milhões de crianças no mundo são obesas de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Para 2025 são projetados 75 milhões de crianças. Como forma de alertar a população para a necessidade de combater essa epidemia, dia 03 de junho, é dedicada ao Dia da Conscientização Contra a Obesidade Mórbida Infantil.
Nos dias atuais controlar a ansiedade e a boca dos pequenos está cada vez mais difícil. Estamos vivendo uma pandemia onde durante logos dois anos as crianças ficaram presas em suas casas sem atividades físicas, vivência escolar e a mercê dos produtos atrativos da indústria alimentícia.
Com as taxas de crianças e adolescentes em situação de obesidade mórbida crescendo é preciso que pais procurem ajuda para enfrentarem este problema tão presente na vida da sociedade. Segundo a nutrologa do Hospital Universitário de Jundiaí, Bianca Buani, a causa fundamental do sobrepeso e da obesidade na infância é o desequilíbrio entre as calorias consumidas e as calorias gastas ao longo dos dias. Ou seja, as crianças estão comendo mais calorias e se exercitando menos.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a epidemia mundial de obesidade infantil pode ser atribuída a vários fatores, incluindo: Mudança a nível global na dieta das crianças, com aumento da ingestão de alimentos que são ricos em gordura e açúcares (rica em calorias), mas pobres em vitaminas, minerais e outros micronutrientes saudáveis, consumo de refrigerantes ou outras bebidas açucaradas, sedentarismo, história familiar (fatores genéticos e hábitos de vida da família colaboram para obesidade), pobreza (comidas de má qualidade são mais baratas), estresse psicológico, menor tempo de sono durante a noite e medicamentos.
A especialista explica que muitas doenças são decorrentes do sobrepeso. “As doenças associadas à obesidade na infância e adolescência incluem anormalidades nos sistemas endócrino, cardiovascular, gastrointestinal, pulmonar, ortopédico, neurológico, dermatológico e psicológico. Certas doenças, como diabetes mellitus tipo 2 e a esteato-hepatite, que antes eram consideradas doenças do adulto, são agora vistas com frequência em crianças obesas”.
A doutora faz um alerta para os hábitos familiares inadequados que acabam afetando diretamente as crianças e detalha 10 mudanças que devem ser feitas:
1- a primeira grande ação é a família ENTENDER que o problema não é da criança e SIM do meio em que ela está inserida! Criança não faz compras em mercado. E o sucesso do tratamento dependerá do envolvimento de todos. E pensem… as mudanças que são propostas são positivas para a saúde seja de quem for!
Acreditem e Incorporem as mudanças: a chave para o sucesso do tratamento da criança é o envolvimento da família, sobretudo nas alterações alimentares. A chance de ela aceitar um alimento novo ao ver os pais consumindo é muito maior do que se somente se ela for obrigada a comê-lo.
2- Mexam-se dentro de casa: crie brincadeiras que façam as crianças deixarem as telas de lado e saírem do sofá: vale esconde-esconde; pular corda ou obstáculos; dançar; brincadeiras mais calmas como jogos de tabuleiro para os maiores. Isso ajuda a gastar energia e a ter momentos mais alegres. Pedir ajuda em tarefas domésticas como colocar e retirar itens da mesa e arrumar o quarto também ajudam e ainda dão senso de responsabilidade.
3- Peça ajuda no preparo de alimentos: seu filho pode montar uma salada e separar alimentos na geladeira, por exemplo. São atividades que possibilitam à criança interagir com os adultos e conhecer mais os alimentos.
4- Converse sobre as novidades: explique de maneira tranquila sobre a reeducação alimentar para que não gere trauma e dificuldade de aceitação, respeitando a faixa etária da criança. Evite frases como “Não pode comer isso”; “Você precisa emagrecer”. Fale que algumas coisas na rotina serão modificadas, inclusive a alimentação.
5- Melhore o acesso a comidas saudáveis: deixe ao alcance da criança (fácil de alcançar na geladeira e no armário) alimentos como frutas e legumes.
6- Crie uma rotina: estipule horários para todas as refeições. Isso evita que a criança belisque alimentos menos saudáveis como ultra processados. Inclua uma rotina de sono que também evite que ela acorde muito tarde e pule o café da manhã, por exemplo.
7- Faça a criança ter ao menos uma refeição em família: isso faz com que ela observe o exemplo dos adultos e pode estimulá-la a aderir aos novos alimentos.
8- Evite telas: manter a criança distraída com telas durante as refeições impede que ela observe e goste do que está comendo.
9- Crie momentos para a comida pouco saudável: a introdução de comidas mais saudáveis não quer dizer que doces ou biscoitos precisam ser banidos. O segredo é criar situações que lhes permitam saborear os alimentos que estavam acostumados. No fim de semana, pode ser oferecido um brigadeiro ou outro doce. O ideal é não deixar a criança se empanturrar.
10- Evite comparações: crianças obesas estão mais propensas a distúrbio de imagem, por isso evite compará-las a outras crianças ou pessoas famosas.
A obesidade durante a adolescência também aumenta o risco de doenças e morte prematura durante a idade adulta, mesmo que o paciente consiga emagrecer. Como exemplo podemos citar o maior risco de câncer de mama nas mulheres que estiveram acima do peso durante a infância. Já os homens que tinham excesso de peso quando crianças apresentam um risco maior de morte por doença cardíaca isquêmica na vida adulta.
Dra. Bianca finaliza dizendo que o que mais preocupa a classe médica é saber que todos estas doenças são riscos que a criança possui, por uma condição causada pelo estilo de vida da família que ela está inserida. E ao mesmo tempo entender que se toda a família não mudar os hábitos, aquela criança se tornará com grande frequência a um adulto doente. Por isso que identificar, motivar e tratar é tão importante!
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