As aulas chegaram, e com o retorno à escola muitos alunos perdem o sono por serem alvo de bullying. Segundo relatório da Unicef, 150 milhões de adolescentes sofrem bullying nas escolas e cerca de 720 milhões de crianças em idade escolar vivem em países onde não estão totalmente protegidas por lei do castigo corporal.
A prática do bullying consiste em um conjunto de violências que se repetem por algum período. Geralmente são agressões verbais, físicas e psicológicas que humilham, intimidam e traumatizam a vítima. Os danos causados podem ser profundos, como a depressão, distúrbios comportamentais e até o suicídio.
O bullying pode acontecer no condomínio, na vizinhança, em grupos ou agremiações esportivas etc., mas o local onde mais acontece esse tipo de crime é na escola. Fatores sociológicos e psicológicos explicam esse fenômeno: é na escola onde os jovens passam grande parte de seu tempo e interagem com um número maior de pessoas.
Um dos grandes problemas das vítimas é a vergonha de contar aos pais e pedir ajuda. E como saber se seu filho está sendo vítima de bullying na escola? Segundo a psicóloga do Hospital Universitário, Adriana Ferigato Toffolo, um dos primeiros sintomas é a criança não querer ir à escola. Após isso, vem o isolamento social, baixa estima, tristeza e queda de rendimento. “É muito difícil a criança sinalizar para os pais que está sofrendo. Para identificar é muito importante que os mesmos desenvolvam uma conversa bem aberta com seu filho e com a escola”, explica.
Caso seu filho esteja sendo vítima dos agressores, ele deve se sentir confiante para reportar o bullying aos pais e aos professores para que as devidas providências sejam tomadas. “A criança deve ter claro que os adultos estão dispostos a ajudá-la. Seja direto: pergunte ao seu filho se foi tudo bem na escola e se existe algo ou alguém que esteja lhe perturbando” reforça a psicóloga.
Vale lembrar que a função das escolas é ensinar, e não educar. “Essa responsabilidade é dos pais. É bastante frequente que os pais se abstenham deste papel e deleguem às escolas uma função que não é delas. Se uma criança pratica tal ato, pode se tratar de um problema já instalado, provavelmente originado da educação em casa, ou de fatores psicológicos de base da criança”, diz Adriana. Será preciso que os pais mudem seu modo de lidar com seus filhos, tentando corrigir o que não foi ensinado no momento certo. Muitas vezes, é necessário que os pais procurem orientação/psicoterapia para que seja possível rever os limites da criança.
Existe um mito de que os praticantes de bullying se sentem mal consigo mesmos e, por isso, agridem outras pessoas. A verdade, porém, é que o agressor sente prazer ao perceber o medo e a opressão de sua vítima. Em alguns casos, o agressor mostra satisfação ao praticar crueldades contra pessoas e mesmo animais.
O praticante de bullying precisa de ajuda psicológica para aprender a transformar sua raiva e frustração em diálogos e ações construtivas em vez de gerar sofrimento para outras pessoas. Se esse comportamento não for corrigido, a tendência é que ele continue por toda a vida, resultando em um adulto agressivo e inapto a lidar com suas emoções e responsabilidades.
Porém, varrer o bullying para baixo do tapete não ajuda nem a vítima a superar esse desafio nem seus praticantes a perceber como esse comportamento é inadequado – pelo contrário: a negação do problema tende a piorar suas consequências, resultando em um ambiente contaminado, adultos agressivos ou com baixa autoestima e, nos casos mais graves, até mesmo em suicídio.
Por isso, é papel de toda a comunidade, incluindo escola e família, trabalhar junto para combater o bullying na escola.
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